poema de tarde analise

DE TARDE
Naquele pic-nic de burguesas,
Houve uma coisa simplesmente bela,
E que, sem ter história nem grandezas,
Em todo o caso dava uma aguarela.
Foi quando tu, descendo do burrico,
Foste colher, sem imposturas tolas,
A um granzoal azul de grão-de-bico
Um ramalhete rubro de papoulas.
Pouco depois, em cima duns penhascos,
Nós acampámos, inda o Sol se via;
E houve talhadas de melão, damascos,
E pão-de-ló molhado em malvasia.
Mas, todo púrpuro a sair da renda
Dos teus dois seios como duas rolas,
Era o supremo encanto da merenda
O ramalhete rubro das papoulas!

a b a b Rima cruzada
4 quadras cada uma com 4 versos O poema contem com uma narrativa plástica, desejosa de naturalidade.
Utilização dos elementos narrativos permite uma criação de dois quadros:
1ª quadro (2ª estrofe) – a burguesia desceu do burrico, colhendo papoulas.
2ª quadro (3ª e 4ª estrofes)-o “pic-nic”, em cima dos penhascos,destacando-se da imagem do ramalhete de papoulas saindo do decote da
“burguesa”

Naquele pic-nic de burguesas,
Houve uma coisa simplesmente bela,
E que, sem ter história nem grandezas,
Em todo o caso dava uma aguarela.

Foi quando tu, descendo do burrico,
Foste colher, sem imposturas tolas,
A um granzoal azul de grão-de-bico
Um ramalhete rubro de papoulas.

Pouco depois, em cima duns penhascos,
Nós acampámos, inda o Sol se via;
E houve talhadas de melão, damascos,
E pão-de-ló molhado em malvasia.

Mas, todo púrpuro a sair da renda
Dos teus dois seios como duas rolas,
Era o supremo encanto da merenda
O ramalhete rubro das papoulas!

O sujeito poetico faz descriçao com base em sensaçoes sobretudo visuais: percepção visual explicita-cores; Elementos do cenario (melões e damasco),
”indo ao sol se via”;
Percepçao gustativa implícita- referência aos elementos (“e pão-de-ló molhado em malvasia”).

No aspeto visual destaca a cor: “granzoal azultom azul; “talhadas de melão”/”damascos” -tons de amarelados; “Ramalhete rubro”