O poema “Em Petiz de tarde” é um que representa bem a oposição que Cesário estabelece nos seus poemas quanto à oposição da cidade “versus” campo. O poeta recorda um passeio no campo de quando era mais novo, daí o título “Em Petiz” que significa pequeno. O assunto deste poema visa a descrição de uma tarde passada no campo, vista na perspectiva do presente, onde o facto de existirem vacas a pastar é usada como pretexto para o poeta mostrar a sua valentia, enquanto a sua companheira demonstrava medo. “Mais morta do que viva” (hipérbole) “ (...) a minha companheira; Nem teve força para soltar um grito” (est.I vv 1-2), “e eu, nesse tempo, um destro e bravo rapazito; Como um homenzarrão “(antítese com rapazito), (comparação) e (adjetivação) , (est.1 vv 3-4). É possível afirmar o contraste existente entre o carácter exibido pelo sujeito poético “destro e bravo”, sendo protetor , “servi-lhe de barreira” , orgulhoso e convencido “ Como um homemzarrão” . Contrastando assim com a companheira “Mais morta do que viva” demonstrava medo, nesta primeira estrofe há também provas que o poeta se refere ao passado com a expressão “nesse tempo”, sendo esta estrofe um discurso centrado no eu, tu e nós. Na segunda estrofe temos evidenciadas as características do espaço envolvente, animas que estão a ser observados “bezerrinhas brancas” e “(...) tetas a abanar, as mães de largas ancas“(est.II vv 2-3), referentes ás vacas. Atingindo agora um ponto crucial do poema, podemos reparar que este está escrito em dois tempos diferentes, o da escrita poética e o da história. Sendo o presente o da escrita e o passado o da história, evidenciado na primeira estrofe, pelo “eu”, “nesse tempo”, aquele em que ele, ainda “rapazito”, protege a “companheira” do seu próprio susto. Estando agora neste ponto crucial , terceira estrofe, onde o poeta estabelecerá uma ponte de ligação entre o presente e o passado, pois o poeta mostra o contraste entre os que produzem o leite (camponeses) e os que o compram