pobreza
Frederico Cantante
A qualificação da população é o principal factor competitivo das economias nas sociedades actuais. E, nesse sentido, afigura-se também como uma variável decisiva para a compreensão do aumento do desemprego em Portugal.
O debate público em Portugal nos últimos dois anos tem sido marcado, de forma bastante veemente, por números, nomenclaturas e instituições associado(a)s ao campo financeiro[1]. A crise de 2008 trouxe consigo para a ribalta mediática indicadores estatísticos, conceitos e agentes desse campo até aí na penumbra do debate público. Quantos de nós conheciam a escala alfabética por meio da qual o risco da nossa dívida era classificado? Quantos estavam a par dos juros da dívida soberana portuguesa, no mercado primário e secundário? Quem conhecia a centralidade das agências de notação (rating) nos processos de financiamento das economias nacionais? Certamente muitos menos do que após a derrocada do sistema financeiro norte-americano e mundial.
A crise iniciada em 2008 concentrou o âmbito do debate público e político. Uma boa parte das perspectivas que em Portugal têm discorrido sobre as causas da crise financeira no país e sobre as medidas a adoptar para dela se sair caracterizam-se por autonomizarem o problema financeiro. A crise financeira é por elas equacionado enquanto realidade em si cuja possibilidade de superação depende essencialmente da diminuição dos défices anuais do Estado e do endividamento externo do país. Combate-se um problema financeiro recorrendo a medidas de cariz financeiro. Noutros casos, a abordagem ao problema financeiro entrecruza-se com a análise do campo económico. As medidas de austeridade afectam a actividade económica, mas a superação dos défices orçamentais e do endividamento externo estão dependentes do crescimento da economia portuguesa. A este nível emergem normalmente dois conceitos quase mágicos: “exportações” e