Pluralidade Cultural
Luciana Maria Almeida de Freitas (UFF)
Dayala Paiva de Medeiros Vargens (UERJ/ CPII)
O objetivo deste artigo é refletir sobre os sentidos atribuídos à Pluralidade
Cultural no volume dedicado a esse Tema Transversal nos Parâmetros Curriculares
Nacionais (BRASIL/ SEF, 1998). Para isso, lançamos mão do aporte teórico da concepção dialógica da linguagem (BAKHTIN, 2003) e da Análise do Discurso de base enunciativa (AUTHIER- REVUZ, 1982, 1998; MAINGUENEAU, 1997, 2002).
Para tanto, propomos, neste artigo, a seguinte organização: inicialmente, discutimos o marco teórico que sustentou nossa análise; em seguida, passamos à análise do corpus; por fim, passamos a algumas conclusões.
A dimensão discursiva dos PCNs
Seguimos como sustentação teórica no atual trabalho os pressupostos da
Análise do Discurso (AD) de base enunciativa. Interessadas, mais especificamente, em refletir acerca dos discursos e dos sentidos que constroem o tema da Pluralidade
Cultural nos PCNs, lançamos mão do conceito de heterogeneidade discursiva operacionalizado por Authier-Revuz (1982, 1998). Esta introduz a distinção entre heterogeneidade constitutiva e heterogeneidade mostrada. Na primeira delas, a presença de outros discursos não é marcada em superfície, embora o debate com a alteridade seja
intrínseco
a
qualquer
manifestação
verbal.
No
caso
da
heterogeneidade mostrada, podemos localizar a presença de discursos atribuídos a outras fontes enunciativas. Esses discursos outros, por sua vez, recuperáveis no plano
2896
da heterogeneidade mostrada, podem apresentar-se como formas explícitas, tal como o uso do discurso direto, ou como formas não marcadas como, por exemplo, a recorrência à ironia.
Dentre os diferentes tipos de manifestações da heterogeneidade mostrada, voltamo-nos para o uso da modalização autonímica. Consiste num conjunto de procedimentos por meio dos