Plasticidade e Regeneração funcional do sistema nervoso
Em linhas gerais, o processo se resume no seguinte. Uma vez estimulados, os neurônios geram impulsos de natureza elétrica e liberam íons e substâncias químicas que lançadas nas sinapses (espaços vazios entre um neurônio e outro) estabelecem ligações entre eles. A cada novo estímulo, a rede de neurônios se recompõe e reorganiza, o que possibilita uma diversidade enorme de respostas.
Plasticidade neuronal é o nome dado a essa capacidade que os neurônios têm de formar novas conexões a cada momento. Por isso, crianças que sofreram acidentes, às vezes gravíssimos, com perda de massa encefálica, déficits motores, visuais, de fala e audição, vão se recuperando gradativamente e podem chegar à idade adulta sem sequelas, iguais às crianças que nenhum dano sofreram.
CARACTERÍSTICAS DO SISTEMA NERVOSO
Drauzio – Como funciona a plasticidade neuronal?
Cláudio Guimarães dos Santos – Hoje sabemos que o sistema nervoso humano e de outros mamíferos é extremamente flexível e plástico. Há cerca de 20 ou 30 anos, a ideia era que fosse bastante estático, não só quando em condições normais de funcionamento, mas também quando alterado por alguma lesão.
Não sabíamos muito bem, por exemplo, como o sistema nervoso respondia a situações de aprendizagem, como se modificava – se é que se modificava – como se transformava. Evidentemente, sabíamos que as pessoas mudavam ao longo do tempo, mas não tínhamos ideia de como a estrutura nervosa, neuronal, respondia a essas modificações. Acreditava-se que a sequela era a consequência inevitável de uma lesão neurológica, pois a área danificada estaria perdida para sempre e a isso