Plano de negoicio

Grande Sertão: Veredas é um romance encantador – somente para dizer o mínimo. O autor apresenta uma dialética fantástica e conduz todo o romance com grande maestria, revelando aos poucos uma história contada que abarca tanto o grande sertão percorrido pelos seus personagens e seus costumes, suas aventuras e suas histórias de amor e guerra, assim como também se faz tornar cada vez mais verdadeira a afirmativa da qual se diz que: “o sertão está em todo lugar”, e pode-se dizer também que em qualquer época.

Preciso dizer que a princípio comecei ler o livro somente para fazer esse trabalho e que lá pela página cinqüenta pensei em desistir. Não o tinha lido antes, tampouco conhecia algo a seu respeito. Já que para mim a obra era desconhecida, resolvi retomar a leitura sem recorrer a quaisquer materiais de apoio, foi aí que me apaixonei por esse romance de rara beleza.

A migração é ponto crucial no referido romance. É no deslocamento constante do homem sertanejo, neste movimento de ir e vir seja para fugir da seca ou para guerrear como jagunço, que Guimarães Rosa constrói a tessitura que permeia todo o seu romance.

Riobaldo Tatarana, em toda a narração pede a seu ouvinte que tenha paciência, pois a história é longa e complexa. A linguagem que no início parece um obstáculo aos poucos vai sendo desvendada, ao passo que o imaginário é acionado. “O senhor tolere, isto é o sertão.”

De um modo geral a religiosidade é inerente ao sertanejo, talvez por isso Riobaldo esteja em constante conflito com os seus questionamentos acerca da existência ou não do Diabo e, várias vezes durante a narrativa ele diz que “viver é perigoso”.

“Daí, vieram me chamar. Causa dum bezerro: um bezerro branco, erroso, os olhos de nem ser—se viu-–; e com máscara de cachorro. Me disseram; eu não quis avistar Mesmo que, por defeito como nasceu, arrebitado de beiços, esse figurava rindo feito pessoa.Cara de gente, cara de cão: determinaram---era o demo.”(Pág. 07).