Planet Rio
Livro: O Preço da Riqueza, de Elmar Altvater (tradução de
Wolfgang Leo Maar), 1996, Ed. da Unesp.
José Eli da Veiga*
Houve apenas dois pontos de mutação energéticos na história da humanidade. O primeiro foi o advento da agricultura, com o domínio do fogo, durante o longo período que ficou conhecido como revolução neolítica. O segundo foi a transformação de calor em trabalho por meio da máquina a vapor, convertida por isso no símbolo da chamada revolução industrial. No início, essa transformação exigia essencialmente madeira e carvão. Mas foi no petróleo e no gás natural que se apoiou o crescimento industrial do quinto ciclo sistêmico do capitalismo, isto é, o ciclo comandado pelos Estados Unidos que muitos preferem chamar de fordismo.
O Preço da Riqueza, de Elmar Altvater, é uma reflexão teórica que aponta para o recurso à energia solar como única alternativa para a crise ecológica da humanidade, engendrada pelo aproveitamento das energias fósseis. Se este princípio tão cômodo não pode ser preservado, qual seria então a base energética da sociedade do futuro? A resposta do livro é inequívoca: "o fluxo permanente do Sol". A humanidade não tem mais muito tempo para encontrar uma nova base energética para o processo econômico ou para reorganizá-lo socialmente de modo a que necessite menos energia e que seja possível utilizar a energia solar.
O grande obstáculo a essa terceira revolução prometéica - para usar a feliz expressão de Georgescu-Roegen - é a radiação extremamente fraca da energia solar quando atinge o solo. São necessários investimentos desproporcionalmente grandes para captar energia solar em quantidade aceitável. Por enquanto, ela só se mostra competitiva em locais isolados, distantes das redes elétricas. Por isso, as empresas de energia solar vêm enfrentando muitas dificuldades. Basta uma redução dos preços dos combustíveis fósseis ou retirada de eventuais incentivos fiscais para que aumentem as falências.
É claro que a