Placebo um mal estar para a medicina notícias recentes
Placebo, um mal-estar para a medicina: notícias recentes
Mônica Teixeira
O artigo relata novos desdobramentos no debate médico a propósito do placebo e seus efeitos, relacionados à sua utilização na clínica médica e em ensaios clínicos de drogas e tratamentos.
Palavras-chave: Placebo, efeito placebo, ensaios clínicos, clínica médica 653
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A ciência permanece ignorante sobre a natureza do efeito-placebo e as razões de sua eficácia. Nem por isso os médicos, em sua prática clínica, renunciam a utilizar seu poder de cura e alívio. É o que se constata da leitura do artigo “Receitando ‘tratamentos placebo’: resultado de uma enquete nacional com clínicos e reumatologistas norte-americanos”, publicado em outubro de 2008 pelo ex-British
Medical Journal (agora simplesmente BMJ), que concentra a atenção de “Observando a Medicina” nesta última edição de 2008. O artigo se baseia nos resultados de uma enquete enviada a 1,2 mil médicos dos Estados Unidos.
Não é certamente a primeira vez que a seção se entretém com o mal-estar causado pelo placebo à medicina “baseada em evidências”. Em “Sobre placebo e efeito placebo” (Plessmann de Camargo;
Teixeira, 2002), a Revista apresentou dados compilados em seminário patrocinado pelos National Institutes of Health, que testemunhavam a resistência do placebo ao ‘arsenal’ usual da ciência da medicina. No mesmo campo do trabalho do NIH, uma revisão de 2008, do neurocientista Fabrizio Benedetti, da Universidade de Turim, reúne o conhecimento existente sobre o efeito que a administração de placebo apresenta sobre a bioquímica cerebral.
Não há, no entanto, uma explicação científica abrangente, aceita pelo establishment da medicina, para os mecanismos e os efeitos do placebo. Essa dificuldade coloca um paradoxo: as evidências em que