Pintura e cinema- o pintor e a cidade atas do colóquio
Pintura e Cinema: O Pintor e a Cidade, de Manoel de Oliveira
Manuel Tojal1
Resumo A imagem cinematográfica situa-se, desde os seus primórdios, no cruzamento de vários modelos de representação, nomeadamente da fotografia, do teatro e da pintura. É, por isso, natural que, desde muito cedo, os teóricos da sétima arte se tenham interessado por estudar as relações entre o cinema – basicamente um medium iconográfico – e a pintura, uma linguagem que também usa signos icónicos. Neste artigo, pretendo analisar os efeitos produzidos pelo encontro entre a pintura de António Cruz e o cinema de Manoel de Oliveira no filme-documentário O Pintor e a Cidade [1956], tendo sempre presente que uma das marcas mais interessantes da obra oliveiriana reside na sua tendência para a intermedialidade. Esse fascínio do cineasta por outras textualidades faz com que o seu texto fílmico se revele como uma incessante poiêsis não apenas a partir da imagem mas também das palavras e das cores. Neste caso específico, fica claro que O Pintor e a Cidade constitui um ensaio muito pessoal sobre as relações entre a pintura e o cinema, através do confronto constante entre as aguarelas do pintor e a revisitação da cidade do Porto pelo cineasta, que revela neste filme a sua visão dessas mesmas obras através do olhar que a câmara de filmar e os seus enquadramentos e movimentos lhe propiciam. Palavras-chave: pintura, cinema, pintor, cineasta, cidade, cinematização, intermedialidade
Desde a sua origem, a imagem cinematográfica situa-se no cruzamento de vários modelos de representação, nomeadamente da fotografia, do teatro e da pintura. É, por isso, natural que, desde muito cedo, os teóricos da sétima arte se tenham interessado por estudar as relações entre o cinema – basicamente um medium iconográfico – e a pintura, uma linguagem milenar que também usa signos icónicos e que é tão antiga como a própria história da humanidade. Ricciotto Canudo (apud