petrobrás e eletrobrás 10 anos
Nos últimos dez anos as duas maiores estatais brasileiras - Petrobrás e Eletrobrás - seguiram trajetórias inversas, que revelam histórias diferentes de sucesso e fracasso. Enquanto a petrolífera multiplicou em 20 vezes seu valor de mercado (cotado ao preço da ação na Bovespa), saltando de R$ 13,6 bilhões para R$ 280 bilhões, a holding do setor elétrico não chegou a duplicar de valor, avançando timidamente de R$ 20 bilhões para apenas R$ 30 bilhões.
Quando a comparação muda para o desempenho financeiro, o resultado é ainda mais chocante: em 1996 a Eletrobrás lucrou R$ 2,4 bilhões, 3,5 vezes acima dos R$ 668 milhões da Petrobrás. Dez anos depois, em 2006, o lucro da petroleira somou quase R$ 26 bilhões e o da elétrica encolheu para R$ 1,16 bilhão.
O que aconteceu em dez anos que justifique desempenhos tão disparatados? Afinal, as duas eram e ainda são monopolistas, tinham e ainda têm o Estado como acionista controlador, seus consumidores crescem quase no mesmo ritmo, com vantagem para a Eletrobrás. Por que razão a história da Petrobrás é de sucesso e a da Eletrobrás, de fracasso? Diferentes fatores econômicos influenciaram, mas os de natureza política foram determinantes para o critério de avaliação do mercado de capitais, cada vez mais exigente de transparência e gestão profissional eficiente e de qualidade.
Ao longo da história a Petrobrás, criada em 1954, e a Eletrobrás, em 1962, têm sofrido do mesmo mal que contamina todo o espaço público no Brasil: a nociva interferência política, prejudicando o desempenho econômico. Nos 20 anos de governo militar, a petroleira foi dominada por generais e almirantes, que levaram para a empresa o estilo duro e limitador da gestão de quartel. A Eletrobrás e suas subsidiárias tinham em seu comando o grupo do falecido senador baiano Antonio Carlos Magalhães, que continuou até meados do governo FHC.
Por causa do regime militar fechado, ações