Pesquisa com plantas
Texto e Fotos:
Paulo Henrique de O. Léda
Tecnologista em Saúde Pública
Fiocruz
As plantas medicinais serviram (e ainda servem) de base para o desenvolvimento e aprimoramento da terapêutica por fornecerem várias substâncias químicas que compõe os medicamentos alopáticos. Permeando esse conhecimento técnico e acadêmico como conhecemos hoje se encontra associado o saber de comunidades tradicionais. No caso particular da América do Sul, tivemos vários estudos realizados por naturalistas europeus, quando aqui aportaram em seus navios, com o objetivo de pesquisar a nossa flora e fauna, assim como todo o conhecimento associado ao seu uso, sobretudo para fins medicinais.
O caso mais conhecido talvez seja o do curare usado para a caça pelos indígenas, para o qual foram identificadas as espécies vegetais responsáveis por seus efeitos farmacológicos. Estudos posteriores mostraram que durante o envenenamento de coelhos por curare, o coração continuava a bater mesmo quando a respiração cessava, significando que a função cardíaca não era afetada. Essa experiência também demonstrou que ao estimular artificialmente a respiração ocorria recuperação das funções fisiológicas. Posteriormente descobriu-se que os principais constituintes químicos do curare bloqueiam a transmissão neuromuscular e, diante disso cogitou-se sua utilização em anestesias. Entretanto, o curare só começou a ser utilizado em janeiro de 1942, quando Harold Griffith e Enid Johnson o introduziram em procedimentos cirúrgicos.
Esse caso serve para ilustrar como uma área do conhecimento foi desenvolvida a partir de uma tecnologia indígena utilizada para caçar. Entretanto, na trajetória da floresta para o laboratório e depois para o produto final, esse conhecimento foi sendo desvalorizado e descaracterizado até chegar ao ponto de não ser mais reconhecido a origem do seu conhecimento. Ou seja, o desenvolvimento de novos medicamentos pode se