Pesca Com Botos
A cooperação dos golfinhos é um fenômeno que enche os olhos dos turistas e as redes dos pescadores artesanais da região. Também atrai cientistas. A "pesca cooperativa", como os pesquisadores batizaram essa interação entre homem e animal, é uma tradição de Laguna. "Há depoimentos que remontam ao século passado", diz o biólogo Paulo César Simões-Lopes, da Universidade Federal de Santa Catarina. Ele passou mais de um ano na cidade estudando o comportamento dos golfinhos, o que resultou numa tese de doutorado. "Só há coisa ligeiramente semelhante no Rio Grande do Sul e na África." Mesmo assim, nada com a intensidade e beleza reveladas no litoral catarinense.
Em Laguna, os golfinhos costumam ficar passeando pelo canal que liga a Lagoa de Santo Antônio ao mar aberto. Os pescadores preparam suas tarrafas (uma espécie de rede circular, de mais ou menos 3 metros de diâmetro) e colocam-se à beira do canal, a pé ou de canoa, dependendo da maré. Ao perceber a presença dos humanos, os golfinhos passam a cercar os cardumes que entram e saem da Lagoa, sobretudo as tainhas, e os afugentam na direção dos pescadores. Os peixes que escapam das redes viram presa fácil e vão parar no estômago dos botos.
O que intriga muitos é o fato de que os golfinhos da região são iguais àqueles que se podem ver no mundo todo. É a espécie Tursiops truncatus, ou "nariz de garrafa", a mais comum e conhecida de todas. Quem já assistiu à série de TV Flipper certamente viu um deles. O que existe de diferente nos bichos do litoral de Santa Catarina é o seu comportamento.
Segundo os pescadores, cerca de 60 golfinhos freqüentam a barra da Lagoa de Santo Antônio, o