Boto
Etnobiologia é essencialmente, o estudo dos conhecimentos e das conceituações desenvolvidas por qualquer sociedade a respeito da biologia. Esse novo enfoque dentro das etnociências lança mão dos conceitos da sociolingüística e da antropologia cognitiva para investigar o meio ambiente percebido pelo homem.
De acordo com uma lenda existente nas comunidades ribeirinhas da amazônia, o boto, é um animal que pode se transformar em um Ser humano ao sexo oposto, de forma que a outra pessoa não resista a beleza e encanto do boto transformado.
Os mistérios que envolvem os botos, somada à exuberância de seus comportamentos e de características sociais conspícuas, provocaram admiração e sentimentos amigáveis entre as várias etnias (Rodrigues, Angélica Lúcia Figueiredo,2008 apud Gilmore,1997).
Devido a crença das comunidades ribeirinhas nos poderes sobrenaturais dos orgãos dos golfinhos, alguns trabalhos sugerem que este pode, de fato, ser o motivo, e os botos então estariam sendo propositalmente mortos para abastecer um comércio.
Realizou-se um estudo com duas comunidades ribeirinhas distintas, onde o foco eram crianças entre 11 e 14 anos de idade, que estivessem devidamente matriculadas em colégios, e que a renda da sua familia viesse diretamente da pesca. Notou-se que as populações ribeirinhas no caso da pesquisa ainda possuem uma relação direta com a pesca, de forma que os filhos participam como membros nessa unidade de produção.
A pesquisa constatou, nas análises das redações, que os estudantes ribeirinhos demonstram considerável conhecimento sobre comportamento, interação com a pesca, morfologia, cadeia trófica dos botos, noções que foram consistentes e coerentes com o encontrado na literatura científica.
O imaginário dos alunos ribeirinhos ainda encontra-se impregnado por mitos e lendas, que se reproduzem através das narrativas orais ou escritas contadas pelas pessoas da própria comunidade. Embora tenham acesso ao ensino formal e este possa influenciar na