Perrenoud e a Teoria das Competências
O conceito de competência não é novo. Ele começou a ser discutido maisamplamente na área pedagógica a partir da década de 1990, destinando-se ao ensino de crianças nas séries iniciais. No entanto, o conceito de competência ganhoutamanha amplitude que acabou incorporado pelo meio empresarial e industrial,que encontrou nele um aliado para os modelos recentes de gerenciamento de pessoas, baseados nos ideais da qualidade total.
À questão do tempo necessário para o desenvolvimento das competências por um aluno, que segundo Perrenoud deve ser aumentado (girandoem torno de três anos em cada ciclo escolar), podemos aproveitar o mesmo pensamento para a área empresarial. O problema é que, ao falarmos de empresas,falamos também de lucro e ao falarmos de lucro, falamos em redução do tempode execução das tarefas. Nesse ponto, o modelo das competências proposto por Perrenoud passa a ganhar um novo sentido no interior do Programa de Qualidade Total (PQT). Além disso, podemos também afirmar que a apropriação dos conceitos psicológicos feita pelos PQT, bem como seus usos, são perversos no que tange à exclusão daqueles que, de uma maneira ou de outra, não apresentaram de pronto ounão chegaram a desenvolver as competências exigidas pela empresa na execução de uma tarefa dentro do (pouco) tempo determinado.A questão então, não é a de assumirmos uma postura de ataque ou defesa quanto à teoria das competências, mas de compreendermos seus princípios e fundamentos sabendo que corre-se o risco, assim como acontece com qualquer teoria, de ela ser mal interpretada ou utilizada para outros fins que não o sugerido pelo seu disseminador.
A pedagogia das competências
Partindo do princípio de que os seres humanos se desenvolvem pelasrelações que estabelecem com seu meio, Perrenoud vê as competências nãocomo um caminho, mas como um efeito adaptativo do homem às suas condiçõesde existência. Desse modo, cada pessoa, de maneira diferente,