Permanências e as rupturas entre os modelos de ética antiga e medieval
Para apresentar as permanências e rupturas dos modelos de ética antiga e medieval, primeiramente descreveremos, de forma breve, cada um dos modelos e em um segundo momento, traçaremos as comparações pertinentes entre eles.
A ética antiga, estudada através da ética eudaimônica de Aristóteles, estava na responsabilidade e na moralidade dos atos, sendo fundamental a ligação da conduta com o resultado, pois o fim pretendido era sempre o Bem.
Na filosofia de Aristóteles a ética pertencia ao campo do saber prático, tendo como objetivo estabelecer sob que condições podemos agir da melhor forma possível tendo em vista o nosso bem supremo (bem último que move as ações humanas) que é a felicidade. Felicidade entendida aqui como realização pessoal; não podendo ser entendida como prazeres, mas sim como a contemplação das verdades eternas. Como afirma Aristóteles em sua obra:
“Então a felicidade chega apenas até onde há contemplação, e as pessoas mais capazes de exercerem a atividade comtemplativa fruem mais intensamente a felicidade (...). A felicidade, portanto, deve ser alguma forma de contemplação.”
A felicidade, desta forma, depende de uma virtude ou uma qualidade de caráter que a torne possível. Segundo Aristóteles, ao contrário do que dizia Platão, estas virtudes podem ser ensinadas, elas são resultado do hábito, tendo de ser praticadas efetivamente pelo homem para que este se torne virtuoso. Como exemplo destas virtudes morais, resultado do hábito, podemos citar a coragem, a justiça e a fortaleza.
Entretanto, deve-se procurar um meio termo para que a ação seja boa, ou seja, que ela não seja motivada apenas pela emoção ou pela razão, mas que ela seja equivalentemente racional e emocional para que a conduta seja certa. A dificuldade, portanto, é o discernimento do que é o certo, uma vez que o que é certo para uma pessoa pode não ser para outra, dessa forma, é preciso analisar as