pequenos poemas
Razão x desejo
A razão é imprecisa, abstrata. O desejo é indiscutível e absoluto.
Quem deseja, sempre tem razão.
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O caminho
Passou a vida seguindo regras e receitas
para alcançar a felicidade.
E fracassou. E, enfim, foi feliz.
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Dúvida
Ou você ama, ou não ama.
Não há meio termo.
Ignorar que se ama, ainda é uma forma de amar.
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Sonhos
Aos doze queria abraçar o mundo.
Os anos passaram e ele continua com doze.
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Onde existo
Meu endereço é relativo.
Não me procure onde estou.
Vivo mais onde quero ser.
Fernando Palma
Escrito em Julho de 2007Quando servi o exército eu me tornei especialista em bombas. Sei fabricar qualquer tipo de bomba portátil, muito usada por terroristas. A bomba que eu estava fazendo tinha que ter efeito fulminante, para que a vítima nada sofresse. E antes da explosão, era necessário que fosse emitido um feixe de luz radiante que fizesse a vítima perceber a iminência da explosão. A pessoa que eu queria matar era o meu filho João. Minha mulher Jane estava grávida quando fui enviado ao exterior com um contingente do exército a serviço das nações unidas. Fiquei ausente cerca de dois anos. Escrevia constantemente para Jane e ela respondia. Quando o meu filho nasceu e recebeu o nome de João, as cartas de Jane ficaram bem estranhas. Ela dizia que precisava falar comigo uma coisa muito séria, mas não sabia como. Eu respondia impaciente para ela dizer de qualquer maneira, mas ela persistia na falta de clareza, que cada vez piorava mais. Afinal, Jane deixou de responder minhas cartas. Quando voltei da missão da ONU, corri para casa assim que desembarquei no aeroporto. Jane abriu a porta para mim. Seu aspecto me surpreendeu. Estava envelhecida, pálida, parecia doente. “Onde está o João?”, perguntei. Jane começou a chorar convulsivamente, apontando a porta do quarto onde ele estava. Entrei no