Pequeno estudo sobre Antônio José ou O Poeta e a Inquisição
Este trabalho pretende lançar um olhar sobre a peça de Domingos José Gonçalves de Magalhães, que é tida como a peça inaugural do teatro brasileiro. Para tanto, faremos uma leitura baseada nas discussões em sala de aula, tentando estabelecer uma leitura crítica levada principalmente pela leitura da peça. A peça Antônio José ou O Poeta e a Inquisição foi encenada pela primeira vez em 13 de março de 1838, no Teatro Constitucional Fluminense, pela companhia do já então consagrado ator João Caetano dos Santos. O próprio autor, quando da publicação da peça, associa o sucesso da sua obra ao prestígio do ator, opinião corroborada posteriormente por seus críticos. Embora admita que o reconhecimento da tragédia se dê principalmente em função da sua representação, Gonçalves de Magalhães afirma o nacionalismo intrínseco à peça. Sobre isso, Fates afirma que ao tempo de Gonçalves de Magalhães, os dramaturgos brasileiros servem-se de assuntos portugueses com a naturalidade de quem os encontra em casa. Por outro lado, a freqüência com que o fazem, permite afirmar que em seus anos iniciais o teatro considerava menos precisos os limites entre a antiga metrópole e a colônia do que a separação política há anos efetivada permitiria imaginar. Vemos então que o próprio sentimento de nacionalismo na peça pode ser considerado, diferentemente dos romances ou poemas do autor, como que entregue às convenções do gênero. Não temos nos escritos de Magalhães qualquer indício de que a ambientação da peça ser em Lisboa quebre com a idéia de nacionalismo inerente à obra, assim como para Fates é completamente plausível que ocorra esta identificação do brasileiro com a cena. Já outros críticos sugerem que Antônio José da Silva não poderia ser tomado como personagem representativo de uma sociedade brasileira, dado que só viveu no Brasil até os sete anos de idade, quando mudou-se para Portugal e nunca mais retornou. Assim, como nos