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Ponto de Partida da Apologética de Pascal
O mecanismo e o racionalismo haviam esvaziado a noção de mundo físico, as de bem e de mal e a necessidade de o homem encontrar um apoio exterior a ele. "Para Pascal, esse ponto de apoio não estaria situado nem na natureza física, nem na natureza humana (razão), mas em Jesus Cristo (13). Desse modo, somente a religião daria respostas plenamente satisfatórias as questões colocadas pela condição humana." (Gomiero, 1998).
O ponto de partida da apologética de Pascal (ou seu cogito) é a constatação da dualidade da natureza humana: o homem é um amontoado de misérias e de grandezas. Um rei sem trono, mas sempre um rei. Um caniço, mas um caniço pensante. O homem é um complexo de bem e de mal, digno ao mesmo tempo de respeito e de desprezo. (14) Ao dualismo cartesiano de pensamento e extensão, Pascal opõe o dualismo de grandeza e miséria. À dúvida metódica de Descartes opõe uma desconfiança total na razão, no tocante à salvação eterna, que "não se encontra fora das vias ensinadas no Evangelho. (...) Que não se conserva senão pelas vias ensinadas no Evangelho. (...) Submissão completa a Jesus Cristo (...)." (Mondin, 1981). (15)
A razão pode, sem dúvida, tomar conhecimento da dualidade que dilacera a vida humana até em suas manifestações