pensamento
Começo esta carta com o seguinte questionamento: por que ao invés de caminharmos em direção a um projeto educacional verdadeiramente emancipador, estamos regredindo a passos de mamute para uma proposta anacrônica e violenta de resoluções de problemas de aprendizagem?
Quando finalmente voltamos nossas consciências à nossa dura prática cotidiana com crianças e adolescentes pobres, com vistas à aproximação de um conhecimento teórico que nos permitisse a constituição de uma verdadeira práxis educativa, todo o projeto foi derrubado a machadadas veladas, decapitado!
Não teria sido tamanho pessimismo, caso isto não tivesse se mostrado uma "profecia auto-realizada" desde a entrada de um projeto de sondagem com nossos alunos. Projeto este que abriu a Caixa de Pandora de todo o Programa Social, trazendo à superfície fantasmas há tempo latentes que, livres de suas mordaças, urraram em nossos ouvidos aquilo que nunca gostaríamos de ouvir e reconhecer: que éramos náufragos se afogando num imenso oceano, em busca de um pedaço de madeira boiando para poder respirar temporariamente. Este pedaço de madeira se chamava Teoria!
O problema que se revelou é que cada projeto sempre encontrou diversos pedaços de madeira, segurando-os com firmeza suficiente para apaziguar a angústia de se reconhecer carente de alguma base de trabalho. O resultado foi a aceitação de uma dúzia de projetos externos, voluntários, estagiários, que realizavam seu gozo laboral sobre nossas crianças, ao mesmo tempo que traziam uma falsa impressão de orientação para a nossa esfacelada instituição como um todo. Disto, o pensamento "competente" se afirmou: uma cascata de ações que se nomeavam "importantes" para as crianças, mas que, ou traziam uma pedagogia violenta, ou entravam em completo contraste com o trabalho de inclusão então realizado pelo CIE com estas mesmas crianças.
Na prática, a esquizofrenia se realizava com a seguinte lógica:
Nos CCAs, projetos