Peixe-boi
Quem enxerga a Amazônia como detentora de fartura interminável, tende a desconfiar dos pesquisadores que alertam para o risco de extinção de exemplares da flora e fauna, como é o caso das espécies endêmicas de mamíferos aquáticos da bacia Amazônica, peixe-boi (Trichechus inunguis) e boto vermelho (Inia geoffrensis). Desde o último século, esses animais que só nascem e se reproduzem nas águas doces da maior floresta tropical do mundo, vêm sendo afetados de forma crescente e alarmante pela caça indiscriminada de subsistência e principalmente comercial.
Dados do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – Ibama apontam que cerca de 500 peixes-bois são abatidos por ano. Entre os anos de 1935 e 1954, o peixe-boi da Amazônia (Trichechus inunguis) passou a ter um grande interesse comercial, devido a sua carne, gordura e principalmente seu couro muito resistente, que era utilizado para a fabricação de correias de máquinas domésticas e industriais. Durante esse período, acredita-se que tenham sido exterminados 200 mil exemplares deste animal. Nos vinte anos seguintes, dessa época, só o Estado do Amazonas vendeu nos seus mercados e feiras 1.947 toneladas de carnes dessa espécie.
Assim como os peixes-bois, os botos amazônicos também sofreram com a caça intensa. Pesquisas, realizadas por cientistas do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – Inpa/MCT (situado na cidade de Manaus, Amazonas), mostram que a população de boto vermelho (Inia geoffrensis) vem diminuindo 10% ao ano, em algumas regiões da Amazônia. Isso significa dizer que esses animais já são considerados pela União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais – IUCN espécies vulneráveis a extinção.
Com a necessidade de salvar essas espécies tipicamente amazônidas, os pesquisadores do Inpa/MCT iniciaram, em 1974, os estudos sobre a biologia e conservação do peixe-boi da Amazônia (Trichechus inunguis); em 1993, com a criação do