pedagogia
Ubiratan D’Ambrosio *
Este é um roteiro para estimular e orientar as reflexões que farei sobre a possibilidade de uma visão humanística da educação reflexiva, conciliando o que chamamos as ciências exatas e a tecnologia com o que costumamos chamar ciências humanas. Como fruto de uma excessiva especialização e um certo deslumbramento com os assombrosos avanços das ciências e da tecnologia, criou-se a imagem de duas culturas: as ciências e tecnologias e as humanidades. Essa dicotomia é falsa e a sobrevivência da civilização no planeta Terra depende de reconhecer esse equívoco.
Cenários sócio-político-econômicos para o século
Um século é um período longo. No decorrer deste século deve haver o surgimento de uma nova ordem social, política e econômica. Estamos vivendo esse processo, embora muitas vezes se tenha a impressão de ser impossível mudar.
É evidente a fragilidade da atual organização da sociedade, na qual os excluídos logo serão a maioria da população. É necessário reverter o quadro, indo em direção à não-existência de excluídos. Em outros tempos, o confinamento e a eliminação eram as práticas para lidar com a presença incômoda de indesejáveis. Hoje, essas soluções são impraticáveis e as sociedades deverão evoluir para permitir que todos se beneficiem da civilização moderna. Muitos dizem que sou um otimista ingênuo. Há indicadores dessa tendência. A análise da história da humanidade mostra a irreversibilidade dessa tendência, embora esse não seja um processo linear. Há altos e baixos. Sem dúvida, estamos vivendo um momento de baixa. Mas essa análise não pode ser feita num período curto de tempo.
Sobre a educação
O sistema político funciona ancorado em duas bases: legal (Constituição, leis, códigos, normas, regulamentos e semelhantes) e representativo (Executivo eleito, parlamentares eleitos e, cada vez mais, cargos burocrático-administrativos preenchidos por eleição ou concurso – que é uma variante de