O debate acerca de uma concepção de educação alinhada aos princípios marxistas é uma necessidade histórica que se coloca de maneira premente na atualidade. No Brasil, os últimos anos da década de 1970 e durante toda a década de 1980 foram profícuos na difusão de um pensamento crítico, bem como na organização política dos professores. Segundo Saviani, este momento histórico pode ser caracterizado pela existência de dois vetores: aquele voltado para a [...] “preocupação com o significado social e político da educação, do qual decorre a busca de uma escola pública de qualidade, aberta a toda a população e voltada precipuamente para as necessidades da maioria, isto é, a classe trabalhadora”; e outro vetor “marcado pela preocupação com o aspecto econômico-corporativo, portanto, de caráter reivindicativo, cuja expressão mais saliente é dada pelo fenômeno das greves que eclodiram a partir do final dos anos de 1970 e se repetiram em ritmo, freqüência e duração crescentes ao longo da década de 1980” . O vetor cuja preocupação central era com o significado social e político da educação é representado pelas entidades de cunho acadêmico- científico. É notável a expansão quantitativa e qualitativa da produção intelectual dos educadores no período, que se destacou, especialmente, pelo esforço em compreender o fenômeno educativo a partir de seus condicionantes econômico, sócio-político e ideológico. Como parte desse movimento, um volume extraordinário de trabalhos acadêmicos dos mais diversos matizes e de diferentes focos de análise. A expansão dos programas de pós-graduação no país contribuiu decisivamente para o visível avanço em termos de produção de um pensamento crítico, especialmente alinhado à tradição marxista, levando os educadores insatisfeitos com a atmosfera [objetiva e subjetiva] gerada pelos governos militares a participarem ativamente na desarticulação do regime. Este clima efervescente, tanto do ponto de vista da produção intelectual como da atuação política foi