Peculiaridades do Liberalismo na Península Ibérica
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A passagem do século XVII para o XVIII representou, de certa forma, o início de um perí¬odo de profundas transformações na história ocidental. Se por um lado man¬teve-se a cor¬rida hegemônica entre os países da Europa ocidental, a fim de al¬cança¬rem a posição de centro da economia-mundo e, portanto, destinando o outro a uma condição periférica. Por outro, houve mudanças significativas, tanto ao que se refere às questões materiais, como as posses¬sões coloniais; quanto no campo das ideias, com o surgimento de novas ideologias e pensamen¬tos políticos, sociais e econô¬micos. Dentro desse universo, ainda que, com inúmeras semelhanças, Portu¬gal e Espanha tomaram rumos bastante particulares em relação aos outros paí¬ses. Nesse sentido, este trabalho se preocupará em discutir essas peculiaridades do pensa¬mento Liberal na Península Ibérica (PI), assim como a sua movimentação teó¬rica e prática, sua introdução e consequente queda com a ascensão do totalitarismo. Com o término da União Ibérica em 1640, Portugal e Espanha se encontra¬ram em um cená¬rio político e econômico bastante crítico. A Espanha havia perdido a posse das Províncias Unidas, abrindo espaço para mais uma concorrência na dis¬puta colonial. Enquanto que Portu¬gal, envolvido nos conflitos espanhóis, teve seu impé¬rio reduzido, fazendo com que o monopó¬lio do comércio com o Oriente e o con¬trole de Pernambuco passasse a ser controla¬do pela Holanda - que havia se tor¬nado uma potência após a Guerra dos 80 anos. No entanto, ao passo que se estabele¬cia uma crise na PI, pairava na Europa um ambiente de novas ideias inte¬lectu¬ais, que come-çavam a questionar o Antigo Regime e que, não por acaso, causa¬ria mudan¬ças pro-fundas no Continente e, sobretudo, de forma bastante peculiar, em Por¬tugal e Espa-nha. Inicia-se o século XVIII, a Espanha passa a ser Bourbon. Para alguns autores essa transi¬ção significava uma "imitação" do formato administrativo francês. Nas pala-vras de Luis Agesta, "o pensamento