Patrona da Enfermagem
Aos 51 anos de idade, viúva e católica praticante, a baiana Ana Justina Ferreira Néri tomou uma decisão histórica que construiu uma das mais belas páginas do heroísmo em meio à carnificina da Guerra do Paraguai (1865 -1870). Proprietária de fazendas de fumo, cana-de-açúcar e algodão, viúva recatada do Capitão-de-Fragata Isidoro Antônio Néri, fulminado por uma meningite cérebro-espinhal, Ana Néri poderia ter terminado sua vida como qualquer católica praticante, devota de Nossa Senhora da Conceição da Praia, se não tivesse atendido ao chamado da história.
Deixou prevalecer seu coração de mãe e decidiu acompanhar os filhos e os irmãos na maior luta armada da América Latina.
Serviu de enfermeira voluntária, enfrentou a morte de perto para salvar muitas vidas, inclusive de inimigos da pátria, e se tornou um exemplo no mundo, como precursora da Cruz Vermelha no Brasil. Hoje, Ana Néri é cultuada como a Patrona dos Enfermeiros do Brasil.
Enfermeira de almas
Ana Néri trocou a vida pacata de dona de casa em Cachoeira pela função de salvar vidas na Guerra do Paraguai.
Na manhã fria do recôncavo baiano, de 8 de agosto de 1865, Ana Néri, olhou demoradamente o retrato dos filhos e dos irmãos que partiram para a guerra. Vestida de luto fechado pela morte do marido, duas décadas antes, deixou os olhos, insones, vagarem pelas brumas da aflição e da saudade. Minutos depois, veio a centelha (divinamente humana) que resgataria toda uma vida do tédio e da acomodação. Com as mãos trêmulas, mas a mente impulsionada pela firme decisão dos obstinados, pegou a caneta e o papel. Com tinta, pergaminho e sangue de mãe nas veias, escreveu a carta que iria mudar radicalmente a vida dela e iniciar a construção de uma das mais belas páginas do heroísmo brasileiro, forjada a ferro e fogo na Guerra do Paraguai (1865-1870), a mais sangrenta luta armada da América do Sul.
O destinatário da correspondência foi o presidente da Província da Bahia (equivalente a governador, na