Partitura
As observações conceituais sobre a origem do conceito de partitura nas teorias novecentistas, que apresentamos a seguir, podem ser detalhadas no artigo de Patrice Pavis “Antologia portatile sulla partitura”, publicado em De Marinis, Marco (org.) Drammaturgia dell´attore, Porreta Terme: I Quaderni del Battello Ebbro, 1996. A traduçãp inédita para o português encontramos em SIEDLER, 2002.
Segundo Patrice Pavis, o primeiro diretor a utilizar tal noção de partitura foi Stanislavski, que a utiliza em seus estudos sobre a linha geral das ações físicas: a ação do ator destinada à construção da personagem e da linha dramatúrgica, deveria ser fixada e repetida numa partitura, conseguindo-se com tal procedimento a verossimilhança da ação física em termos de organicidade e seqüência lógica. Já Meyerhold não utiliza propriamente o termo “partitura”, mas fala em seus escritos de “desenho do movimento” ou de “escritura dos movimentos plásticos”.
. Grotowski, por outro lado, renovando o conceito de Stanislavski, apresenta a noção de partitura também associada aos procedimentos psicofísicos de composição da ação, porém, deslocando-os ao trabalho do ator sobre si mesmo: a composição de signos visíveis componentes das ações físicas do ator deve passar por um percurso de auto-disciplina, transformação semântica e auto-revelação. Seguindo a base conceitual projetada pelos grandes diretores-pedagogos do século XX e renovada pela antropologia teatral de Eugenio Barba, a técnica da partitura poderia ser entendida, em síntese, como um instrumento do ator que funciona como um esquema objetivo e diretivo criado a partir de referenciais e pontos de apoio para a elaboração da complexa relação existente entre a dramaturgia do corpo e a composição da