participaçao popular
Ranulfo Peloso da Silva
CEPIS, SP
1. INTRODUÇÃO
“Achavam-se agrupados e presos à terra, por uma raiz comum, como uma moita de bambu. E como esse vegetal, inclinavam-se e dobravam-se. Mas, sobreviviam às maiores tempestades”.
(Morris West, O embaixador, 1985)
A grande marca da organização popular é sua presença e enraizamento na vida da população, animando pessoas e grupos a se organizarem para buscar solução de seus problemas. O antigo e permanente interesse dos trabalhadores de repartir o pão e o poder, mesmo que não seja totalmente consciente, é derrubar a velha pirâmide e construir uma sociedade sem dominação.
A organização popular nasce para romper com a prática dos dominadores que, pelo autoritarismo ou pela troca de favores, se mantêm no poder. Ela se organiza desde a base, para estar presente, todos os dias, lá onde acontece a luta pela vida.
Apostar no trabalho de base é investir numa tarefa que exige vontade política, dedicação, tempo, pessoas e recursos. Porque não é só a elite que gosta de mandar; é também o povo que aprendeu a ficar calado e a obedecer ao chefe de plantão. Só uma convicção profunda pode se dispor a vencer a cultura autoritária e o personalismo e contribuir para que o povo se torne protagonista e tome a direção da barca.
2. UM POUCO DE HISTÓRIA
“Cada um de nós constrói a própria história e cada ser em si carrega o dom de ser capaz e ser feliz.”
Almir Sater e Renato Teixeira
O Brasil nasceu como colônia dos países ricos. Reis e rainhas se tornaram donos das terras, das riquezas e até da vida das pessoas. Quem resistiu foi perseguido e, muitas vezes, destruído. Essa dominação gerou a cultura autoritária, a mentalidade de escravo, onde as pessoas se tornam passivas, sempre esperando ordens, de cima e de fora.
A ditadura de Vargas, de 1933 a 1945, para não mudar a cultura autoritária, inventou o populismo. O povo foi ensinado a “puxar o saco” e a “mendigar favores” de