Paradoxo
O caminho do ser é o caminho da verdade, que deve ser una e sempre idêntica a si mesma. Por exemplo, dois mais dois são quatro. Não importa o quanto as pessoas mudem de opinião, essa verdade continua inabalável - e mesmo as pessoas mais irascíveis são obrigadas a concordar com ela.
Algo depõe, entretanto, contra a verdade do ser revelada a Parmênides: no mundo sensível não vemos nada assim eterno e imutável, mas apenas uma pluralidade em constante devir (ou seja, em um fluxo permanente de mudança).
Ora, mas quem disse que a verdade pode ser apreendida pelos sentidos? Heráclito já não havia indicado que, por trás da desordem aparente das coisas, há um Logos que tudo ordena?
Da mesma forma, para Parmênides, a verdade não precisa estar em conformidade com os fenômenos, mas, ao contrário, a verdade muitas vezes é paradoxal, ou seja, contrária ao que a opinião ou os sentidos indicam. Enquanto os pitagóricos advogavam a existência de uma pluralidade, Parmênides afirma que tudo é uno e contínuo.
O paradoxo de Zenão
Para provar essa tese, um discípulo de Parmênides, chamado Zenão de Eléia, inventou um tipo de demonstração "por absurdo", em que o oponente se vê forçado a concluir de maneira contrária àquela que pretendia, partindo de premissas por ele aceitas.
Um dos paradoxos mais famosos de Zenão é o paradoxo da corrida entre Aquiles e a tartaruga. Suponha que Aquiles fosse disputar uma corrida de cem metros com uma tartaruga. Para tornar a competição mais atrativa, Aquiles, que é 10 vezes mais rápido que a tartaruga, lhe dá uma vantagem de 80 metros. No intervalo de tempo em que Aquiles percorre 80 m a tartaruga percorre 0,8 m; e quando Aquiles percorre 0,8 m, a tartaruga percorre 0,08 m. Como ambos estão sempre se movendo, Aquiles permanece sempre atrás, sem nunca alcançar a tartaruga. Por mais que a distância entre ambos diminua, ela nunca deixa de existir, já que o percurso pode ser dividido infinitamente.
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