Paradigma
Na próxima semana, dia 23 de março, faz três meses do acidente que tirou a vida do nosso companheiro Zacarias, foi o primeiro acidente ocorrido com um trabalhador da empresa Hydro Alunorte em 16 anos de operação. Para nós, companheiros de trabalho uma perda irreparável, para seu pai, mulher e filha não temos como medir.
O acidente ocorrido no dia 23 de dezembro jogou por terra toda a gestão de segurança da Hydro Alunorte e deveria fazer a empresa repensar toda a sua maneira de fazer segurança. Infelizmente não é isso que está ocorrendo, às decisões tomadas apontam para um lado que conhecemos muito bem na empresa. A demissão de todos os envolvidos no acidente mostra a mesma prática de anos anteriores, a empresa sempre ataca o efeito e não a causa do acidente. Os quatro trabalhadores foram sumariamente demitidos.
Outro fator que banalizou a gestão de segurança da empresa foi a limpeza feita no local depois do acidente que descaracterizou totalmente o lugar e atrapalhou muito a investigação do acidente. O que a empresa tentou omitir com essa limpeza? A simulação aconteceu em um local que em nenhum momento representava o verdadeiro ambiente do acidente. Tudo isso colocou em xeque o resultado da investigação e ao invés de esclarecer está gerando dúvidas nos trabalhadores.
Em 2012 já tivemos vários acidentes, dois com afastamento do trabalho, se a decisão for pela demissão dos envolvidos teremos mais trabalhadores sem empregos, trabalhadores com anos de experiências. Quanto tempo levará para formar novos profissionais com o conhecimento dos empregados demitidos? O problema está na gestão de segurança que deve ser revista, ela não pode ser apenas para inglês ver ou mais precisamente para norueguês ver.
Os acidentes de trabalho não podem continuar sendo explicados como fatalidade, com se fosse uma coisa natural. Devem ser tratados como resultado de falhas de gestão dos processos produtivos, na maioria das vezes evitáveis por meio da prevenção.