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(sobre ética, liberdade e verdade)
César Benjamin para Caros Amigos
A diversidade de comportamento dos seres humanos sempre foi um enigma. Todos os outros seres, existentes na natureza, apresentam comportamentos de
espécie,
repetitivos,
limitados,
com
possibilidade quase nula de variações individuais. O homem, porém, como diz Lévi-Strauss, é o único que, ao nascer, pode viver mil vidas diferentes. Qualquer um de nós poderia ser Mozart, qualquer um poderia ser Hitler. A criação de sinfonias e a perpetração de genocídios são possibilidades inscritas em nossa mais íntima constituição. A constatação da diversidade humana foi feita, ao longo da história, por filósofos, historiadores, cronistas e viajantes, quase sempre como curiosidade. Passou a ser uma interrogação politicamente relevante no mundo ocidental quando se formaram os gigantescos impérios
multinacionais
centrados
na
Europa.
Compreender as diferenças e manejar comportamentos desiguais
tornaram-se desafios relevantes para quem precisava gerenciar sistemas de poder muito abrangentes.
As primeiras tentativas sistemáticas nesse sentido buscaram explicações no corpo dos indivíduos, no contexto da antropologia física. Sua culminância foi a construção do conceito de raças humanas, o mais importante e mais desastrado empreendimento das ciências sociais européias no século XIX. Ecos desse desacerto nos assombram até hoje. Estudos detalhados da fisiologia do cérebro, para relacioná-la ao caráter de cada um, e medidas de inteligência, que tiveram respeitabilidade até a segunda metade do século XX, completaram essas tentativas de localizar nos corpos de indivíduos e grupos a origem da diversidade humana.
A superação desse caminho, pela antropologia cultural, teve como ponto de partida a constatação de que o homem não apenas age, como os demais animais, mas interpreta sua ação. Todas as ações humanas são ações interpretadas, e ao mesmo tempo