para começar um trabalho de pesquisa
José Luiz Braga
Doutor em Comunicação pela Universidade de Paris 2 (Institut Français de Presse).
Professor titular no Programa de Pós-Graduação em Comunicação (mestrado e doutorado) da Unisinos. Desenvolve pesquisa sobre os sistemas críticos da mídia e sobre a interface
Comunicação-Educação.
E-mail: jbraga@unisinos.br
Fazer pesquisa solicita uma diversidade de reflexões e gestos mais ou menos complexos. É por isso que não vamos diretamente a campo para investigar – fazemos antes um cuidadoso planejamento, o qual se expressa em um projeto de pesquisa. Como o projeto vai se desenvolvendo ao longo do próprio trabalho de investigação (não paramos nunca de planejar), podemos chamar as fases iniciais de pré-projeto – ou, mais inicialmente ainda, de uma proposta de pesquisa. Assinalo que estou enfocando particularmente esse planejamento inicial: a proposta.
Quero enfatizar a particular centralidade, nesse planejamento, do problema de pesquisa. Só pesquisamos porque temos dúvidas a respeito de alguma questão do mundo. É lógico portanto que as dúvidas que temos (e que serão expressas no problema da pesquisa a realizar) devem comandar todo o trabalho de investigação – desde a busca das teorias e conceitos relevantes até a observação da realidade (coleta de dados), o tratamento desses dados e as conclusões ou inferências –, que correspondem ao conhecimento desenvolvido a partir do problema que nos moveu a investigar.
Geralmente os manuais de metodologia de pesquisa enfatizam como ponto de partida para investigação uma hipótese de pesquisa. Esta se baseia na afirmação (hipotética, justamente) que seria investigada a fim de confirmarmos, ou não, se efetivamente corresponde aos fatos. Consideramos que, nas pesquisas qualitativas, essa insistência pode levar a equívocos.
A pretendida necessidade da hipótese de pesquisa leva a um esforço do pesquisador para apresentar alguma coisa que seja aceita como tal. Como nós