PAPÉIS TEMÁTICOS
Dentro das sentenças, há elementos – os argumentos – que desempenham papéis ou funções específicas. Esses papéis, num primeiro contato, poderiam ser relacionados com as funções sintáticas, como sujeito (agente que pratica determinada ação), e objeto (aquele/aquilo que sofre a ação). No entanto, os papéis temáticos estão, na verdade, relacionados ao significado e à função semântica dentro do contexto da frase.
Na sentença Maria escreveu um livro, Maria tem o papel semântico de agente, aquele que pratica a ação; e a função sintática de sujeito. Um livro, por sua vez, é o paciente, aquele que sofre a ação; e tem a função sintática de objeto direto. Pode-se, entretanto, inverter as funções sintáticas da frase, e por Maria como objeto e um livro como sujeito – caracterizando, assim, a chamada voz passiva, segundo a GT. Dessa forma, mantêm-se os papéis semânticos, ou seja, Maria continua sendo o agente, e um livro continua sendo paciente; mas a correspondência que antes se tinha entre funções sintáticas e semânticas (sujeito – agente; objeto – paciente) deixa de existir. Um argumento que serve, portanto, para explicitar a não-equivalência entre funções sintáticas e semânticas é esse exemplo da voz passiva, em que os papéis sintáticos são invertidos
Nesse contexto de estudo semântico dos elementos da frase, há o conceito de argumento. Toda a sentença é formada de predicado, cujo conceito não é o mesmo que o exposto na GT. O predicado não tem sentido saturado, ou completo, e pede, portanto, um determinado número de complementos que lhe saturem o sentido: os argumentos. Usando o exemplo de Cançado (2013), “o verbo colocar exige três argumentos, sendo tratado como um predicado de três lugares”.
Por fim, perante as discussões acerca da estipulação de uma lista de papéis temáticos, opta-se aqui pela lista proposta por Cançado (2013):
a) Agente: “o desencadeador de alguma ação, capaz de agir com controle”1.
(1) Maria escreveu um livro.
b) Causa: “o