papel do estado na economia
Quando se procura analisar o papel do Estado na economia, parte-se, em muitos casos, de algumas simplificações analíticas que importa assinalar.
Uma primeira simplificação que, de alguma forma, resulta das contribuições teóricas de clássicos como Pigou, consiste em se partir do pressuposto de que não existe desemprego involuntário (mas, tão somente, desemprego friccional ou desemprego voluntário), pelo que se estaria sempre em pleno-emprego.
Ora, conforme nos explica – e bem – Keynes na sua “Teoria Geral do Emprego, do Juro e do Dinheiro”, “a procura efectiva associada ao pleno emprego é um caso especial que só se verifica quando a propensão marginal a consumir e o incentivo para investir se encontram numa relação mútua particular”1.
Logo, a hipótese clássica só se verifica quando a poupança é igual ao investimento (i.e., quando o investimento é igual ao excedente do preço da oferta global de produção resultante do pleno emprego sobre o consumo da comunidade).
Todavia, para Keynes, a igualdade entre a poupança e o investimento não se verifica “ex-ante” mas sim “ex-post”, o que implica a necessidade de adopção de mecanismos de intervenção que contribuam para que se criem as condições propiciadoras do pleno-emprego.
Daí o papel relevante do Estado em termos de gestão macroeconómica e a indispensabilidade de implementação de programas de investimento público em situação de recessão (uma vez que, inclusive, os agentes empresariais condicionam a decisão de investir às expectativas de evolução da procura e as decisões de produção à procura de bens de equipamento).
Uma segunda simplificação analítica tem que ver com a confusão que alguns sectores estabelecem entre o nível de desenvolvimento e os dados existentes sobre o rendimento médio das famílias ou o PIB – Produto Interno Bruto “per capita”.
Ora, conforme Paul Krugman explica – e bem – no seu recente livro “A consciência de um liberal”, o estudo do grau de desenvolvimento de uma