Pantanal
Nem tudo são flores no Pantanal
Secas e cheias no local levaram plantas aquáticas a criar estratégias de sobrevivência
Por: Ana Carolina Neves e Flavio Antonio Maës dos Santos
Publicado em 01/02/2008 | Atualizado em 24/09/2009
Maior zona úmida continental do planeta, o Pantanal Mato-grossense está sujeito a um regime de cheias e estiagens ao longo do ano. A planície pantaneira, embora um dos principais centros de diversidade de plantas aquáticas do Brasil, não é um mar de rosas para essas plantas, que tiveram de desenvolver mecanismos para enfrentar os estressantes períodos de seca e inundação, como mudanças de forma, sincronização de seu ciclo de vida com o ciclo das águas e desenvolvimento de diferentes meios de propagação.
Com uma área de aproximadamente 150 mil km 2 , o Pantanal Mato-grossense é uma planície de inundação periódica, e seus ciclos anuais e plurianuais de secas e cheias são o mais importante fenômeno hídrico da região. Tais fenômenos se devem ao padrão das chuvas, que se concentram no verão, e à dificuldade de escoamento da água dos rios em razão do discreto gradiente topográfico da planície pantaneira, que apresenta declive de 3 cm a 5 cm por km, no sentido leste-oeste, e de 1 cm a 30 cm por km, no sentido norte-sul. Em fevereiro e março, o Pantanal é inundado por águas provenientes dos rios do sul, como o Miranda, Aquidauana, Negro e Taquari. Em abril e maio, a cheia é causada por águas do alto rio Paraguai e seus afluentes. Esse ciclo torna o Pantanal um sistema absolutamente singular, a cujas alterações os seres vivos tiveram de se adaptar.
Para as plantas aquáticas, o Pantanal oferece grande diversidade de hábitats, como rios, brejos, campos inundáveis, canais, lagoas de meandro, lagoas permanentes e temporárias, vazantes e corpos d’água artificiais. Tudo isso, somado às variações anuais de níveis d’água, temperatura e umidade do ar,