Palomar
Ele limitou seu ponto de observação, por mais que isto tenha parecido difícil, lembrando que “não se pode observar uma onda sem levar em conta os aspectos complexos a que essa dá ensejo”. Tais questionamentos são expressos por uma descrição exata, buscando o desenho preciso, leve e gerador de múltiplos sentidos. Tentando buscar harmonia em um mundo caótico.
Descreve detalhadamente, como em um auto-retrato as cenas descritas, visualizadas por meio de seu olhar-lupa, tudo que está sendo observado. Mas como é possível observar alguma coisa deixando à parte o eu? De quem são os olhos que olham?
O senhor Palomar medita sobre a contemplação do mundo e questiona a posição do observador e do observado. Que mundo é esse? De onde provém o olhar? Os questionamentos levantados pelo personagem refletem um emaranhado de incertezas unidas pela visão, ou pela busca de certezas por meio de seu olhar. Superfície versus profundidade; silêncio versus palavra; intelecto versus corpo; conhecimento pleno versus catalogação.
Ele começou uma investigação.
A primeira e grande dificuldade para começar uma investigação reside em saber a melhor maneira de transformar o pensamento em texto, em algo linear. É um processo criativo que exige do emissor saber o que dizer e como dizer, e que tudo é digno de ser interrogado e pensado. É possível dizer que o autor realizou passos e utilizou ferramentas para realizar uma pesquisa e uma investigação. Tendo prazer nessa atividade. Ele teve consciência de sua limitação de conhecimentos para não