palavras iniciais
A quem, como nós, desde a infância, a leitura e a escrita fazem parte do cotidiano, não há espaço para pensar a vida sem essa dimensão. Sabemos que ela é possível a todos, assim como aos que não têm visão ou não têm audição.
As possibilidades cognitivas nos igualam enquanto espécie humana, mas as condições sociais revelam discrepâncias que nos colocam em mundos totalmente diferentes. O meio classificatório que estratifica pela posição econômica, cultural, social, também rotula, impedindo alguns de serem o que outros já são, aumentando distâncias e restringindo oportunidades. Assim, entre o caviar e o lixo, entre a grife e o farrapo, entre o bilíngue e o analfabeto, circula o cidadão brasileiro "amparado" por uma constituição que "garante igualdade" de direitos e deveres.
Entre tantas diferenças, a mais atual, e não menos perversa, é a que limita o acesso à informação (bem público), pelo desconhecimento dos meios escritos e tecnológicos. O ciberespaço, embora considerado espaço democrático, é na verdade território de alguns, onde muitos talvez nunca cheguem a habitá-lo, porque os meios necessários como a tecnologia e a apropriação da linguagem escrita são patrimônio de poucos. Seria como pensar um jardim secreto, que, embora se diga ser aberto e habitável por todos, nele somente dão entrada os que possuem, no mínimo, o domínio de uma língua, o que vai além da oralidade. Frente a tais questões, indagamo-nos constantemente sobre o pseudodiscurso da igualdade, bem como sobre a importância da educação formal para a conquista da cidadania.
Formação de Professores em Ambiente Alfabetizador
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Esse sentimento desassossega-nos como cidadãos e educadores de escolas públicas repletas de gente querendo ser, mas muitos tolhidos pela ausência de oportunidades. Perceber isso é pouco. Perceber, buscar parcerias e inserir-se na problemática de alfabetização de adultos foi um passo além que possibilitou-nos, acima de tudo, compreender a pluralidade de