Palavras compostas
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Evanildo Bechara No uso ou não uso do hífen, temos de distinguir casos que o novo acordo ortográfico separa com cuidado. Um leitor nos confessa que não sabe "se deve escrever palavras juntas, com hífen ou simplesmente separadas". E exemplifica citando "latino americano e café com leite (política do café com leite)". Ora, "latino americano" se inclui na Base XV que manda usar o hífen nos compostos por justaposição que não contêm formas da ligação e cujos elementos são de natureza nominal (substantivo e pronome), adjetival, numeral e verbal. Em artigo anterior, tratando deste caso, lembramos matéria-prima, norteamericano, a que se vai juntar latino-americano, da sua pergunta. Quanto a café com leite, designativo de um tipo de união política, trata-se de uma locução que, como locução de qualquer natureza, o acordo de 1990 manda não escrever com hífen, mas separadamente, como acabamos de fazê-lo. Esta iniciativa do novo acordo veio livrar as pessoas de usar o hífen para distinguir significados ou classes de palavras. Éramos, segundo o sistema vigente oficialmente em 2008, obrigados a distinguir o substantivo dia-a-dia, com hífen, locução significando "cotidiano", de dia a dia, locução adverbial, sem hífen, valendo por "dia após dia": "O meu dia-a-dia (isto é, o meu cotidiano) é agradável." "A criança cresce dia a dia (isto é, diariamente, dia após dia)." O mesmo acontecia com à toa: se era adjetivo, significando "coisa de pouca importância" ou "pessoa sem-caráter", usava-se com hífen: "Trata-se de um problema à-toa"; mas como advérbio, significando, por exemplo, "inutilmente", usava-se sem hífen: "Foi lá à toa." Hoje, todas as locuções escrevem-se sem o hífen: problema à toa, foi à toa. Portanto, se você disser "gosto de café com leite" ou "política do café com leite", não precisará usar hífen em nenhum dos casos. Pelo sistema anterior, teria de usar, no segundo exemplo, "política do