Padre Antonio Vieira
Para o europeu era uma posição que oferecia vantagens lucrativas e status de nobreza e um padrão de vida senhorial. Era comum haver cristãos-novos entre os primeiros senhores de engenho no Nordeste do Brasil, conforme ficou registrado nos autos da Inquisição. Muitos destes proprietários eram imigrantes que vieram para o Brasil em busca de fortuna e ficar longo do tribunal do Santo Ofício. Embora fossem exageradas as alegações, no século XVII, de que a maioria dos engenhos brasileiros era propriedade de cristãos-novos, não há duvida de que estes últimos desempenhavam um papel ativo na formação de economia açucareira e foram um importante elemento social entre os primeiros senhores de engenho. De 150 cristãos-novos mencionados em autos da Inquisição na Bahia entre 1620 e 1660, 20% eram senhores de engenhos ou lavradores de cana e, como vimos, uma grande proporção dos engenhos estava nas mãos de cristãos-novos. Tanto os que permaneceram judeus em segredo quanto os que verdadeiramente abandonaram a fé de seus ancestrais sofreram discriminação e foram desprezados por outros elementos da população, tanto no Brasil como em Portugal. O Brasil, porém, oferecia uma situação em certa medida de menor vigilância, além de uma estrutura mais aberta à ascensão social, o que tornava a colônia particularmente atrativa para os cristãos-novos. A indústria açucareira teve papel fundamental nessa atração. A discriminação contra eles, além disso, não os impedia de unirem-se a cristãos-velhos de linhagem impecável. (...) Outras famílias de senhores de engenho originaram-se de Pernambuco, tendo fugido para a Bahia com escravos e capital durante a ocupação holandesa do Nordeste. Linhagens como as dos Brandão Coelho, Ferrão e Argolo e Pires de