Ouro preto e o barroco
O maior conjunto barroco do mundo. Uma cidade setecentistaem pleno séc. XXI. Anacronismos à parte, a antiga Vila Rica foi palco da vaidade, da soberba, da competição e da genialidade humana. Sentimentos muito atuais hoje, mas que naquela época eram traduzidos com estilo, com orgulho. A arte era resultado de anos, da paciência e da entrega absoluta.
De nada adianta todo o ouro do mundo se não é possível ostentá-lo. Não foi diferente na Vila Rica. A fé foi uma das válvulas de escape para o poder acumulado por setores da emergente sociedade mineira do séc. XVIII. Poderosas e seculares ordens religiosas retratavam a segmentação da população. A ordem dos poderosos, dos negros, dos pardos... Cada qual tinha por finalidade construir a mais bela igreja, demonstrar sua força e influência. Deu-se início a um tipo de competição não declarada, cujo combustível era o metal amarelo, que se esparramou por altares, imagens e demais instrumentos litúrgicos. Minas vivia uma espécie de Renascimento, onde figuravam mecenas, desabrochavam as artes e nasciam gênios.
No vaivém dos telhados, na espremida confusão do casario geminado. Os palácios, as pontes e os chafarizes... O barroco europeu aqui chegou e se adaptou. A geografia conferiu singularidade ao barroco mineiro. A montanha transforma o espírito, ensimesma a criatividade. Olhando tudo o que foi construído dá para imaginar o barulho incessante das ferramentas, igrejas se elevando ao céu, quilômetros de túneis ocultando conchavos; é isso que fascina em Ouro Preto.
Ouro Preto é assim: fé interessada, inconfidentes heróis. Quem visita a cidade deve perceber que ela brinca com