Osama
O filme nos trás fortes questões de gênero, principalmente na relação gênero poder, onde é evidente a tentativa de desumanizar as mulheres, inferiorizá-las, tornarem-nas submissas a ponto das mesmas não desejarem terem nascido mulher. Dentro deste contexto, temos uma menina que vive com sua mãe e avó, que estão passando necessidades, pois o pai, provedor da casa foi para guerra. Na necessidade de sobrevivência e de ter alguma dignidade, a mãe e avó dessa menina, que mais tarde será chamada de Osama, cortam o cabelo dela e a vestem de menino para poder trabalhar e trazer comida para casa. Osama, num gesto de preservação de sua própria identidade, enterra seu cabelo em um vaso, mostrando resistência a uma sociedade onde ser mulher é ser esquecida, incapaz e inferiorizada.
Vemos o gênero aqui como uma forma resistência. Apesar da necessidade de ser tornar menino para poder ajudar a família, vemos a necessidade do qual a menina passa a ter para ser livre, para ter o direito de ser quem ela é sem julgamentos ou medos impostos por um sistema religioso-opressor.
Osama nos mostra também a facilidade de se transitar entre o ser menino-menina, isso nos ajuda a entender que não podemos definir gênero por determinismos biológicos, quando na realidade, somos ensinados culturalmente desde crianças a nos comportarmos de acordo com nosso sexo biológico. Margareth Mead diz em Sexo e Temperamento, “... não temos mais bases para falar desses aspectos do comportamento como sendo determinados pelo sexo... O material estudado sugere que podemos dizer que muitos, se não todos, os traços de personalidade que identificamos como masculino ou feminino são tão determinados pelo sexo quanto as vestimentas, maneiras ou o tipo de chapéu que uma sociedade a um determinado período designa