Os valores e o amor no ambito da filosofia
O tema dos valores, tecnicamente, a «axiologia», é recente em filosofia, propriamente contemporâneo, mas em substância sempre esteve presente na ética filosófica, basta lembrar-nos da discussão de Sócrates com os sofistas. Explicitamente o tema iniciou entorno a 1860 com Lotze, discípulo de Herbert, influídos pela filosofia kantiana. A temática foi retomada depois pelos neo-kantianos e, entre os mais importantes está Rickert (+ 1936). Sem dúvida foi Max Scheler com duas das suas obras, “O formalismo na Ética” e “A Ética Material dos Valores”, quem deu a este tema, entrada formal na filosofia. Outros filósofos que se ocuparam dos «valores» são: L. Lavelle, J. de Finance: “Ensaio sobre o Agir Humano”, e os autores espiritualistas cristãos. Já sabemos que no homem estão presentes uma esfera cognoscitiva e outra volitiva, agora temos uma terceira, a esfera «afectiva». Santo Tomás não dá independência à dimensão afectiva do homem, para o doutor Angélico, está situada ou bem no apetite sensitivo, ou bem na vontade. Autores contemporâneos, que não rejeitam a filosofia de S. Tomás, estão de acordo em reconhecer à afectividade um carácter mais autónomo, pelas seguintes razões: Primeiro, desde um análise fenomenológico vê-se que se dá uma afectividade no plano sensitivo e outra no plano espiritual. É que verdadeiramente há uma afectividade espiritual, senão, como explicar a experiência mística? Porque, a gente pode não aceitar o objecto da experiência mística (Deus), mas não se pode duvidar que a experiência mística se dá de facto, e ficaria inexplicada se não se admite uma afectividade à nível espiritual. Segundo, o que chamamos «afecto» não é algo exclusivo do concupiscível, há uma verdadeira afectividade espiritual que não se identifica «simpliciter» com a vontade. É certo que S. Tomás coloca o amor como um acto da vontade, mas esta afectividade espiritual seria distinta da vontade como capacidade de acção. No pensamento de Tomás, a