Os usos e abusos do gênero
Resenha feita por Dorit Kolling
A autora inicia seu texto afirmando que nos últimos anos havia começado a perder o interesse no gênero, por considerar que parecia ser uma questão resolvida. Cita que quando do 20º aniversário da publicação do seu ensaio, em 1986, "Gênero: uma categoria útil de análise", a autora estava tanto lisonjeada quanto entediada.
A autora continua o texto falando que, por conta de um manual de instrução preparado para estudantes que fariam exames de bacharelado em ciências biológicas na França, seu interesse por discutir o tema foi despertado novamente.
Tal manual, que por muitas pessoas se tornou censurável, apresentava questões sobre biologia humana, sexo, sexualidade, aborto, novas tecnologias reprodutivas e o que significava realmente ser um homem ou uma mulher. Segundo o texto, se a identidade sexual é estabelecida fisiologicamente, a orientação sexual era totalmente outra questão.
A autora cita que neste manual a palavra gênero fora usada apenas uma vez nas suas 30 páginas e foi apresentada como um termo técnico empregado pelos sociólogos. No entanto, continua a autora, muitas pessoas organizaram uma campanha contra o manual, quando, na verdade, o foco de objeção era sobre a discussão do significado e da palavra gênero.
O livro texto foi considerado, por muitos, um produto do "gay lobby", uma importação dos Estados Unidos, influenciado por Buttler - apelidada de "papisa da teoria do gênero" - embora no manual "ouviam-se" palavras de Simone de Beauvoir ("não se nasce, torna-se uma mulher").
No entanto, segundo a autora, apesar de muitos acontecimentos acerca da discussão sobre gênero na primavera, verão e outono franceses de 2011, o Ministro da Educação Nacional, Luc Chatel, manteve-se firme e o manual não foi retirado.
A partir de então a autora lança mão de novas reflexões sobre a categoria e uso da palavra gênero. Afirma que o que, por conta de toda essa discussão acerca do