os usos sociais da ciência - bourdieu
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Em sua obra ‘Usos sociais da ciência’, Bourdieu propõe uma análise sociologia da ciência, afim de chegar mais intimamente no berço da produção científica. Como instrumento de delimitação do espaço de aplicação dessa ciência, ele usa a noção de campo, e relata a importância do capital científico, dentro desse. Segundo ele, existe dois polos muitos distanciados que são usados como modo para compreender uma determinada ciência. O primeiro é o fetichismo do texto autonomizado que floresceu na França, onde o texto é o alfa e o ômega e nada mais há para ser conhecido a não ser a letra do texto. Enquanto que, a outra tradição é frequentemente representada por pessoas do marxismo, quer relacionar o texto ao contexto e propõe-se a interpretar as obras colocando-as em relação com o mundo social e econômico. A essa dicotomia Bourdieu chama de ‘erro do curto circuito’, e defende que para compreender uma produção cultural não basta referir-se ao contexto social contentando-se em estabelecer uma relação direta entre o texto e o contexto. Ele supõe que entre esses dois polos, muito distanciados, existe uma ligação, um universo literário, que ele vem a chamar de campo literário, artístico, jurídico ou científico. Isto é, o universo onde não estão inseridos os agentes e as instituições que produzem ou difundem a arte, a literatura ou a ciência. Esse universo é um mundo social como os outros, mas que obedece a leis sociais mais ou menos específicas. Esse campo é marcado pela sua relevante autonomia, caracterizada pelo seu instinto de resistência em relação ao macrocosmo. Ou seja, as pressões externas são mediatizadas pela lógica do campo e quanto mais autônomo ele for, maior será o seu poder de refração e mais imposições externas serão transfiguradas, a ponto de se tornarem irreconhecíveis. Dessa forma, o grau de autonomia de um campo tem por indicador principal seu poder de refração e de retradução, entretanto, a heteronômia de um campo manifesta-se pelo fato de que os