Os tankas na poética de wilson bueno

2562 palavras 11 páginas
OS TANKAS NA POÉTICA DE WILSON BUENO

Cícera Rosa S. Yamamoto( (PPG-Letras/Três Lagoas/CAPES)

Wilson Bueno busca em uma tradição oriental milenar, os tankas, a inspiração para duas de suas obras: Pequeno tratado de brinquedos (1996) e Pincel de Kyoto (2008). Perguntamo-nos: os tankas criados por Wilson Bueno reinventam, reescrevem a “realidade” oriental, inscrevendo-a no ocidental? A presente comunicação tem como objetiva evidenciar o processo de constituição e construção do tanka nos livros de Bueno selecionados para a análise dessa apresentação. Para tanto, refletiremos sobre o universo da poesia tanka e verificaremos até que ponto o escritor paranaense mantém vivo ou não em suas produções literárias o diálogo com a tradição.

Introdução

A proposta dessa apresentação é fazer uma reflexão do gênero poético do tanka, que, mesmo adquirindo certas alterações através dos séculos, mantém inalterado seus postulados básicos. É perceptível que algumas regras e normas se alteram automaticamente conforme a cultura, a língua e o momento histórico de um período. Desse modo, o presente estudo estrutura-se na seguinte questão: em que medida Wilson Bueno articula tradição e modernidade nas produções literárias Pequeno tratado de brinquedos (1996) e Pincel de Kyoto (2008)? Para tanto, o percurso de nossa exposição é: em primeira instância, demonstrar a origem e o processo de transformação do tanka ao longo do tempo; em segunda, analisar a constituição do tanka em Wilson Bueno, estabelecendo uma conexão com a forma poética tradicional.

I. Origem do tanka e suas transformações.

A composição poética tanka surgiu no Japão, por volta do ano 710, e é constituída ao todo por 31 sílabas distribuídas em cinco versos com 5-7-5-7-7 sílabas, respectivamente. Sua origem está no Waka[1], que era uma forma poética em que se “cantava” trechos históricos e legendários da vida do povo nipônico. Tratava-se de uma narrativa oral relacionada

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