Os pré-socraticos
OS MILESIANOS
Costuma-se dizer que a filosofia ocidental começou com os gregos. De fato, mas não na Grécia. Os primeiros filósofos cujos nomes chegaram até nós viveram perto de fins do século VII a.C. em Mileto, uma cidade portuária situada na costa da Ásia Menor. Era, na verdade, uma colônia grega, mas localizada em um ponto em que forçosamente sofreria a influência de indivíduos de outras nacionalidades que viviam no interior – na Lídia, na Pérsia, na própria Babilônia. Não que isto nos ajude a compreender por que a Filosofia começou então e onde, porquanto não há indicação de filosofia, como viemos a considerá-la, nessas culturas. A Índia ficava longe demais e as comunicações eram demasiado precárias para que julguemos plausíveis influências originárias dessa fonte. No mundo antigo, considerava-se o Egito como a origem da matemática, como a Babilônia o era da astronomia (os movimentos aparentes dos corpos celestiais eram registrados em tabuinhas de argila). O emprego da matemática pelos egípcios era considerado tão importante que os gregos tendiam a considerar que, qualquer compatriota seu que mostrasse capacidade matemática e espírito de inovação, devia ter estudado naquele país. Consta de documentos que Tales, o primeiro dos denominados filósofos milésios, dirigiu-se para o Egito. De modo geral, é improvável que o tenha feito. Essas influências, contudo, combinadas com idéias religiosas e mitológicas endêmicas entre os gregos, de alguma maneira geraram a Filosofia.
Mas o que foi que geraram? Aristóteles disse que a Filosofia começa com o senso de maravilha e há certamente indicação disto no pensamento dos primeiros filósofos gregos. Conta-se que Tales, que viveu por volta do ano 600 a.C., afirmava que todas as coisas estavam repletas de deuses e há numerosas referências a certas coisas como divinas em filósofos subseqüentes, sem que isso implicasse uma atitude religiosa específica. A natureza era simplesmente considerada como algo