os processos de planejamento na construção das politicas sociais no Brasil
Para quem é mais velho e participou das manifestações dos anos 1970, é inevitável fazer comparações com as que estão ocorrendo no momento. A “revolta do vinagre”, como tem sido chamada, resgata um comportamento típico do jovem contestador — esse personagem que parecia ultrapassado ou, talvez, “vencido”. E, ao contrário do que andam pregando muitos saudosistas, nem todo o mundo que protestava há 40 anos tinha uma agenda clara e límpida.
Os saudosistas talvez reclamem da falta de uma ideologia, de um inimigo poderoso, das leis de exceção e da impunidade que contemplava a truculência policial. Mas, no fundo, é a mesma coisa. O que se contesta hoje é um abuso de poder que o governo exerce sobre o cidadão, embora de uma maneira mais sutil e disfarçada.
Talvez, no passado, houvesse uma maior concentração de grupos de esquerda pregando a revolução e a implantação de sistemas socialistas de governo, mas a grande maioria dos manifestantes era formada por pessoas insatisfeitas com os desmandos de quem estava no poder. O inimigo é, basicamente, o mesmo. Se as leis antes permitiam prisões, violência e arbitrariedades, as de hoje não são obedecidas: a PM dá tiros com balas de borracha e surra manifestantes sem qualquer responsabilidade constitucional.
Os “vinagreiros” são versões atualizadas daqueles contestadores. Há um certo deslumbramento entre eles, motivado talvez pela descoberta da força que possuem. Enquanto as manifestações de hoje adquirem um clima de “festa” e até de euforia, as de antigamente eram cercadas de angústias reais, de um clima de opressão e violência declarada. Hoje, os manifestantes portam vinagre e máscaras para se proteger da violência policial, enquanto os de então carregavam bolas de gude para enfrentar a cavalaria (cavalo escorrega nas bolas de gude) e lenços e chapéus para cobrir a cabeça (para não ser fotografado pelo DOPS).
Jovens tatuados com