Os primeiros habitantes da Bahia
Maria Hilda Baqueiro Paraiso1
Os Tupinambá, após alguns anos de relativa tranqüilidade no habitat que haviam conquistado dos Tupinaê, responsáveis pela expulsão dos Maracá para os sertões interiores, devem ter observado com curiosidade, perplexidade e temor a chegada de embarcações de grandes dimensões ocupadas por pessoas estranhamente vestidas e de aparência exótica e pouco convencional.
Apesar do contacto com outras sociedades já se constituir numa experiência vivenciada, para esses grupos o encontro com os europeus revestiu-se de um caráter inusitado dadas ás características dos recém-chegados, as novidades tecnológicas e, principalmente, as novas relações que foram estabelecidas.
A partir dos registros seiscentistas e posteriores, ressaltaremos alguns dos mais marcantes traços da organização social desses grupos, destacando, inicialmente, que a população Tupi do litoral, na primeira metade do século XVI, era numericamente expressiva.
Vários subgrupos ou nações Tupi distribuíam-se ao longo da costa em territórios definidos a partir do processo de conquista e ocupação efetivado antes de 1500. Apesar dessa unicidade, os dados não indicam a existência de qualquer forma de articulação social e política mais ampla do que as das unidades locais ou aldeias, a não ser por uma rede de alianças que se apresentava com grande mutabilidade em sua composição.
Outro aspecto a se considerar é a fluidez e precariedade das alianças entre as várias aldeias de uma mesma nação. Sendo o estado de guerra entre as aldeias e nações um traço característico das relações, compreende-se o porque da fragilidade da resistência indígena ante a presença do conquistador. No entanto, a guerra constituía-se num elemento essencial ao ordenamento social dessas sociedades e á definição das chefias.
As estruturas produtivas, residenciais, sociais e políticas das comunidades Tupi definiam e expressavam suas articulações