os passos perdidos
A vida do personagem é tão esmagada pelo ritmo frenético do capitalismo e da repetição que tal sistema social engendra que ao entrar em férias do trabalho, o narrador sente-se ainda mais perdido do que antes: “Era a primeira vez, em onze meses, que me via só, fora do sono, sem uma tarefa de cumprir de imediato, sem ter de correr para a rua com o temor de chegar tarde a algum lugar. Estava longe do aturdimento e da confusão dos estúdios, num silêncio que não era quebrado por músicas mecânicas nem vozes aumentadas. Nada me inquietava e, por isso mesmo, sentia-me o objeto de uma vaga ameaça.” (p. 10)
A vida pessoal do narrador, assim como a sua vida profissional, não deixa de ser um objeto tomado pelo capitalismo, pela repetição e mecanização, tal repetição (explicar repetição) e mecanização torna o personagem um organismo organizado.(citar p. 168 de critica e clinica)
Entramos aqui em um aspecto muito importante do personagem, o desejo de desterritorializar o próprio corpo: “Bebia e me regozijava de costas para os relógios, até que o bebido e o regozijado me derrubassem ao pé de um despertador, com um sono que eu tratava de espessar pondo sobre meus olhos uma máscara negra que