OS NOVOS FASCISTAS
Muito se discute sobre torcidas organizadas no futebol. Constantemente elas figuram nas páginas dos jornais protagonizando episódios de violência. No entanto, só recentemente comecei a pensar sobre o assunto. O interesse surgiu depois que presenciei um espancamento de um torcedor do Santa Cruz por um grupo de três torcedores do Sport em uma integração de ônibus no Recife. A cena me perturbou bastante, passei muito tempo para tirá-la da cabeça.
O que mais me inquietava ao pensar sobre o assunto era o seguinte: o que leva um indivíduo usar da violência contra uma pessoa desconhecida que, a priori, não lhe causou nenhum mal? É possível explicar racionalmente o ódio mortal que os torcedores nutrem pela torcida rival? Ao pensar sobre essas questões, percebi o caráter fascista das torcidas organizadas.
Assim como os movimentos fascistas, a atração que uma torcida organizada exerce sobre um indivíduo é imensa. Em um estádio de futebol, em meio a pessoas que compartilham a mesma preferência pelo seu time, você se sente tomado por um sentimento de êxtase e euforia. São momentos de transcendência, de eternidade. É uma oportunidade de se sentir parte de algo maior, algo que supera os limites e as fraquezas do indivíduo comum. Você é tomado por uma sensação de poder, um poder que vem do número, da multidão, dos gritos entoados em uníssono. Naquele momento o indivíduo se apaga, o que existe é a torcida. A torcida passa a dar sentido à vida.
Nesse sentido, o uniforme tem um importante aspecto simbólico. Ao mesmo tempo em que ele identifica quem é da torcida ‘A’ ou da torcida ‘B’, o uniforme passa a falsa idéia pra quem o usa de união, coesão. É uma forma de homogeneizar, de apagar as diferenças, seja de classe, de cor, de sexo, etc. O uniforme reforça a idéia de pertencimento a um grupo, além de transformar o indivíduo em massa
No entanto, ainda não chegamos ao centro da questão: a violência. Assim como o fascismo, as Torcidas organizadas se nutrem e se