Os mecanismos da arte
Historiadora da arte vienense analisa como as obras de arte atingem os preços pelos quais são negociadas no mercado e conclui que os próprios artistas raramente exercem um papel relevante neste contexto.
Somas milionárias são gastas em leilões
Somas milionárias são gastas em leilões
Apesar da crise financeira global, do desastre do euro e da recessão, o mercado de arte encontra-se em franca expansão, em todo o mundo. Há pouco, as três grandes casas de leilões de arte – Sotheby's, Christie's e Phillips – angariaram cerca de 600 milhões de dólares por obras de arte contemporânea. Uma soma considerável.
Os leilões na Alemanha que aconteceram no segundo semestre deste ano também levaram a bons resultados, com recordes quebrados. Mas de onde vêm esses preços tão exorbitantes do mercado de arte? A historiadora da arte de Viena, Jacqueline Nowikovsky, escreveu um livro a respeito, com o título $ 100.000.000? – O valor da arte. A Deutsche Welle conversou com a autora vienense sobre o novo livro.
Deutsche Welle: Você coloca a tese de que a arte e o mercado de arte encontram-se sob o signo do marketing e do potencial de vendas. Questões estéticas, de conteúdo ou estilo não teriam mais nenhuma importância. Por quê?
Jacqueline Nowikovsky: No mercado de artes, há muitos compradores que têm interesse em demonstrar uma identidade através de suas coleções. Isso se dá em função de uma certa pressão social, partindo de uma expectativa. Quem quer ser admirado por sua coleção vai se esforçar para comprar e expor obras de determinados artistas, que têm um valor facilmente reconhecido e verificável no mercado.
Isso diz respeito à situação do comprador, mas também dos marchands e de outros envolvidos no mercado de arte. Trata-se de uma arte que chegou a uma certa posição no mercado. Isso faz com que obras de pintores sejam, por exemplo, compradas muito menos em função de seu conteúdo ou de suas posições estéticas, mas