Os macroeconomistas
10/07/2007
A nação dos macroeconomistas divide-se em muitas tribos. Um etnologista distinguiria pelo menos nove delas, com diferentes culturas. Sete tribos têm um comportamento mais pacífico e aceitam a organização social em que vivemos. Dividem-se, ainda, em dois subgrupos. O primeiro inclui: 1) a ortodoxa monetarista; 2) a neoclássica; 3) a dos ciclos reais; 4) a austríaca, todas predispostas a um certo "cientificismo", e que é hoje dominante. Por conveniência podemos chamá-lo de "neoliberais".
O segundo subgrupo abrange: 5) a keynesiana; 6) a neokeynesiana e 7) a pós-keynesiana, com a predisposição de dar à economia o caráter de uma ciência moral, mas cujo avanço empírico continua deficiente. Perdeu prestígio acadêmico em meados dos anos 70, mas está em ressurreição pela necessidade de aumentar a relevância da teoria econômica. Podemos chamá-lo de "keynesianos". Há, ainda, duas tribos que não aceitam a atual estrutura social e se propõem a mudá-la por dois caminhos (a revolução ou a urna): 8) a marxista; 9) a neomarxista, que podemos chamar de "marxistas".
O sistema econômico é tão rico e complexo que cada uma delas reivindica (com razão) a capacidade de "explicar" algumas das suas facetas, o que torna a competição entre as tribos feroz e instrutiva. A grande distinção entre os neoliberais e os keynesianos resume-se em aceitar ou não a hipótese que o sistema econômico obedece a leis naturais e que, deixado a si mesmo, com a menor intervenção do Estado (a não ser no provimento dos bens públicos essenciais), ele produzirá, num tempo finito e suportável, pelo funcionamento da "inteligência dos mercados", a felicidade geral. Para os neoclássicos (mesmo os agnósticos), Deus consulta continuadamente o "mercado". De fato, como Ele quer o melhor para os homens que criou, materializa-se no "mercado" para conduzi-los de volta ao paraíso.
Os keynesianos podem até crer em Deus, mas têm imensas dúvidas de que o "mercado" seja o seu